segunda-feira, 30 de abril de 2007

A cidade do lixo



Ontem não houve recolha do lixo em Cacilhas (pelo menos na rua onde moro)... às 7h 30m da manhã a situação era a que se pode observar na primeira destas quatro fotografias.
À tarde, quando cheguei do trabalho, pelas 19h 30m, o cenário era o que se pode observar nas outras três imagens.
Sendo que amanhã é o feriado do 1.º de Maio, nem quero imaginar o quadro provável...
É verdade que existe muita falta de civismo por parte dos moradores, mas não era já tempo de a autarquia perceber que aqueles depósitos são insuficientes para acondicionar o lixo produzido nesta zona da freguesia? E que existem serviços mínimos que têm de ser assegurados?
Levantei esta questão na última reunião da Assembleia de Freguesia de Cacilhas a que pertenço. Levei fotografias e tudo. E sabem o que me respondeu o Presidente da Junta? Que eu deveria ter fotografado, também, quando os contentores estão limpos, que é na maior parte das vezes... mas que compreendia que aquele era o papel da oposição, mostrar apenas o que está mal.
Ou seja, não considerou o problema grave (achou que eu estava, talvez, a levantar uma falsa questão ou a empolar demasiado o assunto por ser da oposição), nem tão pouco se sentiu responsável. Consequência: vai tudo continuar na mesma...
A Junta diz que esta é uma competência da AMARSUL (empresa a quem compete proceder ao tratamento e valorização dos Resíduos Sólidos Urbanos produzidos nos concelhos de Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal) por isso nada pode fazer. Mas, pergunto eu: e a autarquia fecha os olhos e não fiscaliza a qualidade do serviço prestado?
Francamente. Querem convencer quem? Que eu saiba, zelar pela qualidade do ambiente urbano é uma atribuição municipal à qual a freguesia não se pode alhear. Ou estarei enganada?

domingo, 29 de abril de 2007

Passeio de domingo

Domingo é um óptimo dia para passear, sobretudo quando o sol nos convida a andar ao ar livre, como aconteceu hoje de manhã. Por isso, resolvemos ir apanhar o ferry e fazer a travessia entre Cacilhas e Belém...

A paisagem é fantástica, e nem a degradação do Ginjal consegue roubar a beleza deste estuário (considerado um dos mais bonitos da Europa).

Já do lado de lá, depois de um passeio nos jardins e uma pausa para beber um café e comer um pastel de nata, fomos visitar o Museu Nacional de Arqueologia.



Das suas três exposições temporárias, "Pedra Formosa" (de arqueologia experimental), "Religiões da Lusitânia" e "Vasos Gregos em Portugal: Áquem das Colunas de Hércules", destaco esta última, apesar de ter gostado de todas.

Deixo-vos o poema de apresentação e uma pequena amostra das muitas peças expostas, a maioria em excelente estado de conservação e de uma beleza indiscritível, algumas das quais recolhidas na Quinta do Almaraz (em Cacilhas).

No próximo domingo, dia da mãe, este é pois um excelente passeio para a família. Aqui fica a sugestão.


(Para tornarem o poema legível basta clicar na imagem).

terça-feira, 24 de abril de 2007

25 de Abril, sempre!



Hoje, quero celebrar o 25 de Abril de uma forma diferente...

... porque os valores de Abril ultrapassam todas as fronteiras e unem os povos!

Postes Humanos



Recebi ontem, vindo de terras d'além mar (do Brasil, mais precisamente) este convite do meu amigo Ricardo. Segui a sua sugestão e gostei imenso desta exposição: não só pelos trabalhos apresentados mas, sobretudo, pela mensagem que as fotografias e as palavras da autora encerram. Por isso, aqui vos deixo o mesmo convite:

«Envio o endereço da exposição fotográfica virtual POSTES HUMANOS.
A exposição é uma crítica ao que tornaram-se as eleições nesse mundo neo-liberal: em vez de troca e discussão de idéias, transformaram-se apenas mais um negócio.
http://www.michellegloria.com.br/postes/expostes.htm
Ao clicar em exposição aparecem as fotos. Demora um pouquinho para carregar.
A autora, Michelle Glória é uma jovem fotógrafa carioca que tem muito futuro pela frente.
Um abraço,
Ricardo Ruiz»


Postes Humanos
Rio, 29/11/2006

«A primeira vez que me deparei com a cena de uma pessoa apática, na esquina da minha casa, segurando a placa de um candidato, imóvel como uma estátua, senti um estranho desconforto. Lembrei da mini-reforma eleitoral, a Lei n.º 11.300/2006, que proibiu a fixação de placas em postes de iluminação pública. Pensei: “Seguradores de placa?! No lugar de postes públicos, postes humanos? Mais um jeitinho criativo do brasileiro de afastar o alcance da norma?

Ao conversar, confirmei a suspeita. A pessoa não estava ali por opção política, em nome de um ideal, mas sim por uma questão de sobrevivência (!). Um trabalhador. Inclusive, amparado pela legislação previdenciária.

As condições precárias de trabalho destas pessoas, o desinteresse e a descrença que se abateram sobre a política brasileira, a ausência da militância vibrante nas ruas, das manifestações populares espontâneas, da juventude lutando por um mundo melhor, motivaram-me a fazer esta documentação fotográfica. O cenário foi a Orla de Copacabana.

Minha busca no ato fotográfico foi tentar capturar numa fração de segundos um instante de desalento, indiferença... Congelar imagens que simbolizassem o momento político. Fazendo uma ponte entre a cena urbana e o sentimento nacional. Minha busca foi eternizar no tempo e no espaço a desesperança, a apatia, a incredulidade que invadiram corações e mentes nas eleições de 2006. Servindo de suporte à reflexão e memória brasileira.

Desejei também desvelar as faces incógnitas por detrás das placas. Descortinar os semblantes destes trabalhadores, na tentativa de desvendar o que podem estar querendo dizer...

Este pequenino ensaio fotográfico representa ainda uma crítica ao marketing eleitoral. O que um rosto sorridente contribui para a escolha de um voto consciente? É o fetiche da publicidade eleitoral e do poderio econômico atuando na formação da decisão do eleitor.

Minha intenção primordial é fomentar o debate nacional sobre a premente reforma política, com o intuito de aprovar novas regras que levem a um sistema representativo que permita eleger políticos nascidos do povo, comprometidos só com os ideais de justiça e igualdade social!
Michelle Glória»
Dá que pensar, hem?

domingo, 22 de abril de 2007

Esclarecimento adicional


Ainda a propósito do tema do meu artigo «As árvores também se abatem!?» venho esclarecer que: na Av.ª D. Afonso Henriques foram abatidas (repito, abatidas!) 49 árvores (22 do lado direito de quem sobe, e 27 do lado esquerdo), sendo que apenas três o haviam sido há já algum tempo atrás e não na sequência das obras do MST.
Ao contrário do que o sr. Rui afirmou no respectivo comentário, nem uma única árvore escapou a esta razia do serrote. Mesmo as mais jovens, cujos troncos decepados se podem observar nas duas primeiras fotos de hoje, tiveram este fatal destino... nem uma sequer foi desenraizada e transportada para o prometido Parque da Paz.
No solo restam, ainda bem visíveis, os respectivos cotos e alguns troncos sangrando...
A este propósito a Sofia Barão lembrou-se, e muito bem, deste poema de Florbela Espanca que aqui vos deixo como se fosse o requiem pelas árvores desta avenida e das outras que vão ter destino semelhante:

ÁRVORES DO ALENTEJO

Horas mortas... curvada aos pés do monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte!

E quando, manhã alta, o Sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguias à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

E quanto a este assunto... ponto final! Que a mim me custa demais assistir a estas cenas sem me emocionar. Um resto de bom domingo e um óptimo ínico de semana.

sábado, 21 de abril de 2007

Trabalho de equipa

Ontem, à porta da «Pastelaria Lucas», na Rua Comandante António Feio (Cacilhas).

sexta-feira, 20 de abril de 2007

As árvores também se abatem!?


As obras do MST em Almada já provocaram o abate de dezenas de árvores. E muitas mais vão morrer.
Dizem que é o progresso. Enfim... Mas, ver as ruas da minha cidade assim esventradas dá-me uma dor no coração que vocês nem imaginam.

E estas árvores, que me habituei a ver ali desde menina, assim decepadas, escorrendo seiva como se fosse sangue, imprecionam-me imenso. Se calhar estou mesmo a ficar velha e a nostalgia invadiu-me a alma... será que não havia outra solução? Que caminho é este que deixa a minha terra cada vez mais cinzenta? Uma cor tão triste...

quinta-feira, 19 de abril de 2007

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA

COMUNICADO DO CONSELHO DE MINISTROS, anunciado pelo próprio 1.º Ministro à comunicação social:

Governo cria nova medida do SIMPLEX, em parceria com a Universidade Independente:

"DIPLOMA NA HORA" uma medida:


Para obter este diploma basta indicar, sob compromisso, as habilitações do candidato e a nota final pretendida.

Existem, ainda, outras modalidades acessórias:

Equivalências na Hora
Mestrado na Hora
E, até, Doutoramentos na Hora, desde que pague uma taxa suplementar.

Tudo em qualquer dia da semana, durante 24h, mesmo aos Domingos e Feriados!

E para que não fique stressado, no acto da inscrição é-lhe fornecida uma caixa de pastilhas Simplex, que fazem desaparecer, na hora, quaisquer problemas de consciência.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Ainda a ECALMA

No mesmo dia em que o fiscal da ECALMA advertiu aquele morador de que dei notícia no post anterior (em 16/04/07), o carro do lado (matrícula 50-38-AG), que por ali se encontra abandonado há meses (entre outros sinais: pneus furados, sem imposto municipal nem seguro, e inspeção por realizar) passou despercebido...
Mas ontem, o mesmo carro, já tinha um folheto do "agente calminha"... rasto da passagem da fiscalização da ECALMA, como se pode observar.



Todavia, não deixa de ser interessante reparar que, ao contrário do que seria de esperar, o outro veículo abandonado na mesma rua (matrícula 25-03-EJ), de que vos falei ontem, e que lá continua (e, pelos vistos, há-de continuar), não mereceu a atenção do fiscal da ECALMA... tem aspecto de mais novo, não tem os pneus furados (por enquanto), logo não é considerado um VfV (veículo em fim de vida) e, como tal, pode ficar por ali que fica muito bem, mesmo que tenha evidentes sinais de abandono e esteja a ocupar, indevidamente, um lugar de estacionamento.
Estranhamente, o morador cujo carro estava estacionado no mesmo local do outro dia, ou seja, em suposta infracção (a fazer valer a "moralizadora informação" contida nos talões das advertências da ECALMA), como muitos outros que por lá estavam, desta vez não foi advertido.
Para concluir: parece-me que, afinal, as advertências diferem de fiscal para fiscal e que há uma grande falta de coerência na actuação da ECALMA.
E, já agora, espero que a questão dos estacionamentos ocupados por caixotes de fruta não seja indício de erros mais graves. E é esta a empresa que está a gerir (?) o estacionamento em Almada?

terça-feira, 17 de abril de 2007

A "filosofia da calma"

Ontem, quando chegámos a casa, regressados do trabalho (para onde vamos utilizando os transportes públicos), lá estava mais uma "advertênciazinha" da ECALMA no pára-brisas do carro (a terceira no espaço de menos de um mês), que se encontrava estacionado no parque em frente do prédio.

Este local, todavia, desde que começaram as obras do MST, passou a ser destinado, exclusivamente (?) a visitantes (por escala horária), o que, numa zona onde os residentes já tinham poucos lugares, só veio causar mais problemas.

A juntar-se a este facto, temos que a ECALMA ainda não entregou os cartões de residente pedidos há dois meses, o que obriga os automobilistas a deixarem, em local bem visível no tablier do veículo, uma cópia do impresso para que a fiscalização perceba que, afinal, são moradores (como era o caso). Atitude que, pelos vistos, de nada serve, o que é indecente.

Reduzem os lugares para residentes em 50%, não entregam os cartões atempadamente, dão mais importância aos visitantes (nunca vi advertências nos carros de visitantes estacionados nos lugares dos residentes), armam-se em moralizadores (veja-se o conteúdo dos talões) e, ainda por cima, cadastram informações dos automobilistas numa base de dados não autorizada pela Comissão Nacional de Protecção de Dados (entre outras irregularidades cometidas pela empresa, com a conivência da Câmara Municipal e a passividade da Junta de Freguesia), o que já levou diversos moradores a reclamarem (eu própria já fui prestar declarações à CNPD, em 21-03-07, na sequência da queixa apresentada em 31-01-07), com o objectivo de arrecadar receitas através da aplicação de multas (veja-se as declarações do administrador da ECALMA a seguir transcritas).

«Em declarações hoje [09-06-2006] à Lusa, Nuno Santos Silva, administrador da Ecalma – Empresa Municipal de Estacionamento e Circulação de Almada, referiu que a maioria das infracções são de estacionamento (…). A partir de Outubro, os fiscais passarão também a anotar as matrículas dos veículos que estão mal estacionados. Caso a infracção se repita várias vezes, os seus proprietários serão depois multados.», in RTP on-line.
E, leiam a explicação sobre o "papel moralizador" da ECALMA:

«Félix Simões admite que o “problema não se resolverá só pela pedagogia”, mas é preciso antes de tudo “sensibilizar as pessoas”, procurando primeiro “soluções através do diálogo e da informação para solucionar os problemas” e só depois “actuar do ponto de vista da transgressão e com a aplicação de multas”. É uma “filosofia da empresa”, cujo próprio nome (Ecalma) já mostra a sua forma de actuar, “com calma e com alma”, sublinha Félix Simões.», in SETÚBAL NA REDE, 12-06-2006.




Além da "filosofia da calma" (a lentidão parece ser, realmente, apanágio da empresa) que formação é dada aos agentes? Será que só lhes ensinam a manusear o PDA onde inserem os dados dos automobilistas? Talvez lhes leccionem uma aulas de «como ser selectivo na aplicação das respectivas "advertências moralizadoras"» (ou seja, a melhor forma de só ver aquilo que a ECALMA quer)?

Que critérios justificam a advertência a um morador (sem cartão de residente - porque a empresa ainda não "teve tempo" de emitir o respectivo título… não nos esqueçamos da calma da ECALMA) que está estacionado em "lugar para visitas", por o espaço reservado aos residentes estar ocupado, nomeadamente, com carros abandonados (como é o caso do veículo de matrícula 25-03-EJ, sem selos do imposto municipal, seguro e inspecção, que se encontra naquele lugar há quase duas semanas) que, no entanto, a fiscalização nem sequer vê?

Ou os lugares de estacionamento ocupados por caixotes de fruta: será que os comerciantes foram advertidos? ou a infracção é-lhes perdoada? a que propósito? (a fotografia que aqui se mostra é um caso de entre muitos!).




Além da Rua Trindade Coelho, a preferida dos fiscais, o que é que faz a ECALMA para ordenar o estacionamento caótico nas restantes ruas da freguesia? O caos é o que se pode observar nas fotos acima (Rua Comandante António Feio e Rua Cândido dos Reis), e nunca me apercebi de nenhuma advertência nem vi nenhum fiscal a actuar.

Agora, digam-me lá se isto não parece uma anedota?

domingo, 15 de abril de 2007

Domingo à tarde

1. 2.
3. 4.

Hoje está um lindo dia de sol, óptimo para passear com a família. Seja uma ida à praia ou por outras paragens, até um passeio pelo Rio Tejo nos velhinhos ferry que, agora, fazem a travessia entre Cacilhas e Belém.
Outra hipótese é, por exemplo, uma visita ao Museu Nacional de Arte Antiga, na Rua das Janelas Verdes, em Lisboa. É perto e vale a pena. À saída podem, ainda, ficar no jardim conversando um pouco antes de regressar a casa.
Fotografias:
1 - Fachada do Museu.
2 - Cadeira de braços (estadela), dita de D. Afonso V, em carvalho. Portugal 1465-1481.
3 - Praça da Alegria (primitiva feira da ladra). Óleo sobre tela, de Nicolas Louis Albert Delerive (séc. XIX).
4 - Nascimento de S. João Baptista. Óleo sobre madeira de carvalho, de mestre desconhecido. Pintura portuguesa do séc. XVI.

sábado, 14 de abril de 2007

Almada do meu olhar



Este é o título de uma exposição de pintura e desenho do conceituado artista almadense ALBINO MOURA, patente na Oficina da Cultura, em Almada. Passei hoje lá, por mero acaso. E fiquei encantada com este olhar tão especial sobre a minha terra. Se tiverem um pouco de tempo disponível, passem por lá, também. Vale mesmo a pena.
Aqui ficam seis dos seus muitos trabalhos expostos e que atestam o que vos acabo de dizer. Não percam, pois, a oportunidade de apreciar a beleza da obra de Albino Moura.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

The Zimmers

Há uns tempos a esta parte tenho andado sem disponibilidade (por motivos profissinais) para actualizar o INFINITO'S, o que inclui, também, responder aos comentários com bastante atraso (espero que me desculpem). Hoje, é um dia daqueles! Terrível. Com uma reunião do órgão deliberativo a começar às 17:30m e a acabar não sei quando, onde se vão abordar assuntos potencialmente stressantes, que me está a deixar nervosa. Por isso, este era mais um dia em que não estava a pensar passar por aqui (com muita pena minha, contudo).

Mas, ao abrir o e-mail, deparei-me com este video do Youtube que um amigo me enviou. Tinha, como assunto, a seguinte frase (que despertou a minha curiosidade):

«My Generation dos Who, a pensar no Movimento Associativo Actual».

Oiçam-no. Mas, sobretudo, vejam-no com muita atenção. E, depois, tentem fazer a ligação com a legenda que esse amigo acrescentou. Dá que pensar, ou não? Agora já devem perceber por que não podia deixar de aqui vos trazer esta novidade.

Aproveito e desejo a todos um bom fim-de-semana.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Sócrates n'Os Lusíadas


As equivalências e os termos assinados,
Que na ocidental raia Lusitana,
Por cursos nunca antes frequentados,
Passaram ainda além dos seis dias da semana,
Em betão armado e pré-esforçado,
Mais do que prometia a desfaçatez humana,
E entre gente bem mais douta edificaram
Novo currículo, que tanto sublimaram;

E também as notícias gloriosas
Daqueles feitos, que foram omitindo
A Lisura, a Hombridade, as Virtudes valerosas
Das corporações que foram destroçando;
E aquele, que por obras viciosas
Se vai da lei da respeitabilidade libertando;
Sobranceiro, entre pares, no plenário,
Cantarei, se a tanto me ajudar o engenho sanitário.

(versão século XXI no BlogOperatório)

segunda-feira, 9 de abril de 2007

O amolador



Chama-se Zé Martins. Reside no Monte de Caparica e é amolador, uma profissão em desuso. Percorre as freguesias do concelho de Almada com a sua bicicleta. Mas faz, também, viagens de norte a sul de Portugal... nessas alturas, leva a sua "forguneta" e, chegado ao local onde pensa pernoitar, tira a bicicleta e lá vai ele a pedalar pelas ruas e caminhos deste país, por entre montes e vales, aldeias e pequenas cidades do litoral e do interior.
Conheci-o no sábado passado. Estava em casa quando, de súbito, ouvi aquele som da "gaita de beiços" tão caraterístico e que não ouvia há imenso tempo... dizia-se que adivinhava chuva. E até foi verdade! Vim à janela mas não vi ninguém. Saí a correr, de faca na mala (a que ele está a amolar)...
Guiada pelo som daquele instrumento musical, como que encantada, fui encontrá-lo na Rua Elias Garcia, bem lá no cimo. Cheguei cansada. Satisfeita, todavia. Perguntei quanto custava amolar a dita faca. 2,5€ respondeu. Entreguei-lhe o dito objecto e pedi que me autorizasse a tirar-lhe uma foto. Um sorriso aflorou-lhe aos lábios e lá começou o seu trabalho indiferente à sessão fotográfica. Entretanto ia conversando, satisfazendo a minha curiosidade.
Fica aqui este testemunho em sua homenagem.
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